domingo, 20 de janeiro de 2008

Resenha Crítica - PIAF: UM HINO AO AMOR

Fonte das fotos: http://www.cinemaemcena.com.br/

Título: Piaf - Um Hino Ao Amor
Título Original: La Môme
País de Origem: França, Reino Unido, República Tcheca
Produção: Alain Goldman
Distribuição: Picturehouse (EUA) / Europa Filmes (Brasil)
Diretor: Olivier Dahan
Roteiro: Olivier Dahan e Isabelle Sobelman
Data de estréia: 14/02/2007
Data de estréia no Brasil: 12/10/2007


Elenco:
MARION COTILLARD (Edith Piaf - 15 aos 47 anos),
MANON CHEVALLIER (Edith Piaf - 5 anos),
PAULINE BURLET (Edith Piaf - 10 anos),
EMMANUELLE SEIGNER (Titine),
GÉRARD DEPARDIEU (Louis Leplée),
SYLVIE TESTUD (Momone),
PASCAL GREGORY (Louis Barrier),
JEAN-PAUL ROUVE (Louis Gassion),
CLOTILDE COURAU (Anetta Gassion),
JEAN-PIERRE MARTINS (Marcel Cerdan),
CATHERINE ALLÉGRET (Louise),
MARC BARBÉ (Raymond Asso),
CAROLINE SIHOL (Marlene Dietrich),
ELISABETH COMMELIN (Danielle Bonel),
MARC GANNOT (Marc Bonel)



Fonte: http://www.cinemaemcena.com.br/

Emmanuelle Seigner e Manon Chevallier


Filha de uma cantora e de um acrobata circense, abandonada por ambos e criada em um bordel por sua avó. Cega aos cinco anos de idade - visão esta recuperada miraculosamente após uma visita ao túmulo de Santa Teresinha, da qual a menina viria a se tornar devota até o fim de sua vida. Tem sua guarda retomada pelo pai, e passa a viver no circo até os dez anos. Aos quinze, abandona o pai, e vai cantar nas ruas, atrás de trocados. Até o dia em que é descoberta e, em questão de meses, se torna um ícone francês por toda a eternidade. Dona de amores e destinos trágicos, numa vida cheia de fatos, no mínimo, bizarros e novelescos (mexicanos). Esta é Edith Piaf.


Além do magnífico talento como cantora, Edith se fez como intérprete de canções cheias de amor, amargura, dor e esperança, acima de tudo, justamente numa França devassada por seguidas guerras e recessões. O que a torna ainda mais especial e verdadeira é que ela própria vivencia os conteúdos de suas letras. Todas remetem, direta ou indiretamente, a fatos e momentos de sua vida e suas emoções. E assim como seus dramas, Edith também é intensa e pesada. Ela é uma mistura de Billie Holiday e Judy Garland por ser uma menina que deixa de ser uma cantora mambembe para se tornar uma diva das music halls, de amores malfadados e um gosto pela autodestruição no álcool e nas drogas. Mas Piaf é MUITO mais pesada que as duas juntas. E o filme dá conta de mostrar todos estes lados, sem parcimônia ou julgamento algum. Não se trata de uma cinebiografia romanceada ou excessivamente reverente, como a de Cazuza. O diretor Olivier dahan se propõe fazer um retrato o mais próximo possível da realidade, escolhendo eventos específicos para enfatizar Edith Piaf como o que realmente era - alguém que nunca viu separação entre a persona dos palcos e a da "vida real", cuja arte refletia sua própria vida e vice-versa.


O filme embarca momentos bem delineados da vida de Piaf. A primeira infância no bordel, a segunda no circo, a adolescência com a amiga Momone nas ruas, o processo que levaria Edith Giovanna Gassion a se tornar Edith Piaf, a própria Edith Piaf assombrando o mundo com seu sucesso (sempre com um olhar frio e inquisidor da alta sociedade francesa a observar seus passos), o período nas Estados Unidos cheia de amigos fiéis ao seu redor, a volta à França, o retiro forçado em Grasse, longe de Paris, para morrer. Mas todos estes períodos são entrecortados e entrelaçados uns aos outros, como lembranças que vão sendo puxadas (como, por exemplo, o cheiro de um perfume pode lembrar uma determinada pessoa... e essa pessoa já lhe lembra de um determinado momento... que lhe lembra mais um outro...).


Fonte: http://www.cinemaemcena.com.br/

Jean-Paul Rouve e Pauline Burlet


Antes de começar a falar mais do filme, vamos a alguns esclarecimentos acerca da quantidade de títulos que este filme possui ao redor do globo, e sua "falta" de um´"título verdadeiro", por assim dizer. Sendo filme fracês, considera-se que o título original seja "Le Môme" -uma das alcunhas pelas quais Piaf era conhecida no país. Para os estadunidenses, o título foi "La Vie En Rose", pois é sua música mais popular por aquelas bandas (se é que o público médio atual tenha algum conhecimento de alguma língua outra que não o inglês). No Brasil, resolveu se considerar o nome da cantora, adicionando o título de sua canção mais famosa por aqui ("Hymne A L'Amour").


A produção do filme deve ter os melhores contatos já visto entre agentes, pois conseguiu reunir a fina flor da atuação fracesa atual, como Gerard Depardieu (desculpem a péssima referência, mas, no momento, só consigo me lembrar dele em "Bogus", com a Whoopi Goldberg... LEMBREI DE UM MELHOR!!! "1492", de Ridley Scott, onde ele foi Cristóvão Colombo. Para melhorar, ainda cito "Cyrano de Bergerac", que o deu sua indicação ao Oscar, e "Camille Claudel") e Emmanuelle Seigner (a gostosona louca de pedra de "Lua-de-Fel"), além de Marion Cotillard, que - junto a Audrey Tatou - é o grande nome desta nova geração. E o diretor consegue tirar atuações memoráveis de todos, mesmo os que aparecem em ínfimas pontas, como a Marlene Dietrich de Caroline Sihol.


Mesmo com todas as boas atuações, todos os olhos acabam por se voltar a Marion Cotillard. O filme é ELA. Sua Piaf é tão cheioade de detalhes e nuances, que é impossível ver uma atriz ali. Mesmo quem não viveu a época de Edith (como o autor desta resenha, que nasceu cerca de vinte anos após sua morte) apenas consegue enxergar Edith Piaf na tela, com seu apetite pela "vida a mil", com seus amores, seus desafetos, seu jeito tirânico de tratar as pessoas que mais ama e, acima de tudo, sua filosofia de vida de não se arrepender de nada. Ela chega a reproduzir fielmente todos os trejeitos, as expressões, o jeito de andar e falar, até mesmo o de se apresentar no palco de Piaf. Ainda mais digna de nota é a sua dublagem - simplesmente perfeita! Aliás, ao se falar em dublagem, mais sábia ainda foi a opção por utilizar a voz da própria Piaf, inclusive na trilha sonora do filme (embora ter posto "La Vie En Rose" em inglês, ao invés da versão original foi um erro crasso).


A maquiagem também foi um ponto de destaque, e até mesmo vital. Não importa o quanto a interpretação de Cotillard tenha sido magnífica. Não se poderia acreditar que ela era Piaf aos 47, época em que as drogas a fizeram envelhecer horrivelmente, parecendo ter o dobro de sua idade.


Fonte: http://www.cinemaemcena.com.br/

Jean-Pierre Martins e Marion Cotillard: antes da dor


A direção de arte tomou vários cuidados essenciais. O apartamento de Piaf na Park Avenue, em Nova Iorque, foi reproduzido fielmente, em todos os detalhes, assim como os cabarés onde Piaf cantava para conseguir alguns trocados. Até os cenários dos shows de Edith foram cuidadosamente estudados (o show final foi gravado na própria casa de espetáculos onde se passou realmente, e teve na platéia vários amigos pessoais da cantora que ainda estão vivos).


É difícil se fazer uma cronologia exata dos eventos do filme, porque todo o roteiro se costura numa base de flashbacks e flashforwards que, emboram tornem a narrativa interessante, são usados em demasia, acabando por confundir (e muito) a cabeça do público. Algumas cenas também acabam por se fazer completamente desnecessárias - o filme poderia perder uns vinte minutos, sem nenhum decréscimo de sua qualidade. Mas mesmo estas falhas se perdem diante de achados que, com certeza, entrarão para a história do cinema, onde a metalinguagem é utilizada ao máximo quando Edith é acordada por Marcel e, ao buscar um presente que comprou para ele, acaba por receber a notícia de que ele morrera tragicamente numa queda de avião. Em toda a sua dor, ela sai correndo pelos cômodos da casa e acaba em uma que acaba se revelando um palco, em frente a um grande público, onde seu sofrimento mostra-se como força motriz de sua performance de "Hymne A L'Amour".


Ao final do filme, o espetáculo da voz e personalidade de Edith Piaf se encerra. Triunfante. Os créditos passam em absoluto silêncio, reverentes. as luzes da sala se acendem, e TODOS os presentes estão às lágrimas. E é isso o que eu chamo de cinema!


Fonte: http://www.cinemaemcena.com.br/

Marion Cotillard: interpretação soberba


“Non, je ne regrette rien...”



9/10

Tom


7 comentários:

Anônimo disse...

"Dieu réunit ceux qui s'aiment..." (Edith Piaf)

"Deus reúne os que se amam..."

Juaum Ferreira disse...

piaf me tras bias e más recordações! mas o filme é divino... envolvente ao extremo!

Non, je ne regrette rien..

Fabinho disse...

NEM CHAMOU EU

quero ir
quero ir

quando sai de cartaz?

^^

PÂM-PANDA disse...

caraca..filme moh reviravolta

Anônimo disse...

adoro filhas de cantoras com acrobatas criadas pela vó no meio das putas.... ainda mais quando por causa da falta de visão aprendeu a usar muito bem o tato...

= X

tudo bem, comentario só do primeiro paragrafo, depois eu leio e comento o resto....

Victor disse...

hmmm... piaf é sublime, mas hj, é brega pra os franceses taum quanto o falcão é pra gente... num tem nada mais over na frança atualmente do que casar ouvindo la vie en rose.... sniff... pobre de mim que cresci ouvindo a grande piaf.

Unknown disse...

1- 9/10???... ainda dizem que não há mais bondade no mundo.

2- Audrey Tatou grande nome da nova geração? AHA, quase me pegou, sabia que estava sendo irônico.

3- "Aliás, ao se falar em dublagem, mais sábia ainda foi a opção por utilizar a voz da própria Piaf, inclusive na trilha sonora do filme" e poderia ser de outro modo? estamos falando de Edith piaf e não de Jim Morrison.

4- Procurar o significado de tirania no dicionário.

5- "Algumas cenas também acabam por se fazer completamente desnecessárias - o filme poderia perder uns vinte minutos, sem nenhum decréscimo de sua qualidade." comentário acertado, porém muito vago.